quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

frases de "A solidão dos números primos"

"Viviam a lenta e invisível compenetração de seus próprios universos, como dois astros que gravitam em torno de um eixo comum, em órbitas cada vez mais estreitas, cujo destino claro é o de se unir em qualquer ponto do espaço e do tempo."

"Abriu a boca para responder que se sentir especial é a pior das gaiolas que alguém podia construir para si mesmo, mas não disse nada."

"Vagava como um fantasma de si mesma pelo apartamento silencioso, seguindo, sem pressa, a própria lucidez. Estou enlouquecendo, pensava às vezes. Mas não achava ruim. Aliás, começava a sorrir, porque finalmente estava podendo escolher."

"Mattia. Enfim. Pensava nele com frequencia. De novo. Era como outra de suas doenças, da qual não queria realmente curar-se. Pode-se ficar doente, também, apenas com uma recordação, e estava doente desde aquela tarde no carro (...)"

"(...) porque o amor de alguém a quem não se ama deposita-se na superfície, e logo se evapora."

"(...) ela o procurara porque precisava dele, porque desde a noite em que o deixara, naquele mesmo patamar, a sua vida estava envolvida por uma concha, e dali não se movera mais. Mattia era a extremidade daquele emaranhado que carregava dentro de si, torcido pelos anos. Se ainda havia a possibilidade de desfazer aquele emaranhado, um modo de enfraquecê-lo, era puxar aquela ponta que agora ele segurava entre os dedos."

"Mattia tinha estudado que entre os números primos existem alguns ainda mais especiais. Os matemáticos os chamam de primos gêmeos: são casais de números primos que estão lado a lado, ou melhor, quase vizinhos, porque entre eles sempre há um número par, que os impede de tocar-se verdadeiramente. (...) Mattia achava que ele e Alice eram assim, dois primos gêmeos sós e perdidos, próximos mas não o bastante para se tocar de verdade."

Um comentário:

  1. "então me ocorreu que, apesar de sermos companheiras de viagem maravilhosas, no fundo não passavamos de duas massas solitárias de metal em suas próprias órbitas separadas. a distância, parecem belas estrelas cadentes, mas na realidade, não passam de prisões, em que cada uma de nós está trancada, sozinha, indo a lugar nenhum. quando as órbitas desses dois satélites se cruzam, acidentalmente, podemos estar juntas. talvez, até mesmo, abrir nossos corações uma à outra. mas só por um breve momento. no instante seguinte, estaremos na solidão absoluta."
    (minha querida sputinik)

    a gente é tão confusa né? se por um momento declaramos não gostar de 'grudes', por outro já queremos estar tão unidos ao outro de uma maneira tão intensa com vontade de estar o mais próximo do "núcleo", mesmo sabendo que isso é impossivel. todos nascem e morrem sozinhos, não é mesmo?

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