terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sobre mandar e mandar

Estava eu lendo um resumo sobre Jung quando me deparei com a sentença: "Onde predomina o amor não há vontade de poder, e onde há predominância de poder não há amor".Salve as discussões filosoficamente mais aprofundadas sobre o assunto, algo me veio à cabeça quando li isso.
Comecei a pensar acerca daquelas histórias de, em relacionamentos, "quem manda em quem".

Dificilmente encontro um casal onde esse mecanismo exista e seja equilibrado. Ou a guria é uma entidade apagada e submissa do rapaz, ou ele é pau-mandado dela até o ponto de fazer coisas como excluir todas as meninas do orkut.
Eu pelo menos sempre tentei respeitar a individualidade das pessoas com quem me relacionei, isso porque esperava que fizessem o mesmo comigo.
Você não pode impor seus desejos porque acha que eles são “corretos”. Todos temos defeitos, right? Uma coisa é expressar opinião construtiva e que é uma ajuda num dilema do outro, outra é impor o que o outro deve fazer.

Então nada de falar pro outro mudar roupa, cabelo, sapato, endereço e tudo. Como se essas coisas fossem imprescindíveis! Por mais que isso seja irresistível (eu sei, eu sei), parece coisa de gente pentelha analisando por fora, não?
Seu parceiro pode não gostar de certas coisas em você mas reluta em dizer porque você, menina, não aceitaria uma sílaba contrariando o que você acha daquela sua blusa preferida. Se ele falasse para você, que sempre teve seu cabelo castanho natural quase chegando na bunda, que gosta de cabelo curto e loiro, você mudaria?

O engraçado é que nós, mulheres, somos eternas lutadoras. Sempre achamos que podemos mudar isso ou aquilo, não nos conformamos enquanto vemos o namorado usando aquele moletom brega. Mas são mudanças que, para nós, são simples, ‘tão fácil, é só ele comprar um moletom novo’, e que achamos serem banais para o homem.
Porém, num esforço mútuo tremendo, vamos tentar nos imaginar ouvindo dele que a sua blusa preferida já passou da hora, que você precisa pintar de novo o cabelo, que a sua jaqueta preferida parece da vó. Eu, no mínimo, ia ficar MUITO PUTA.

Então, até que ponto, como namoradas, podemos interferir na vida do outro?

"meu, toooodo meu"

"Meu, meu, toooodo meu". Foi o que acabei de ver que uma menina colocou na legenda da foto dela com o namorado.
Rapidamente me lembrei da frase do filósofo austríaco Martin Buber "Quem possui o outro não possui coisa alguma."Lembrei também da fase da infância em que começam as primeiras noções de posse, onde tudo que se fala 'é meu', 'é seu'...
Pessoalmente, nunca gostei dessa forma de tratamento para com outra pessoa. É como se ela fosse um objeto, como se ela pertencesse a outra pessoa antes mesmo de pertencer a si.

Faz parte da insegurança, não faz? Trazer o outro para seu domínio de posse porque aceitar que ninguém é de ninguém é muito arriscado. Achar que as pessoas estão livres, que elas podem sair de nossas vidas a hora em que quiserem, é amedrontador.
Mesmo assim, se você acha que ele é seu, então não possui mesmo coisa alguma.
Até as crianças passam dessa fase de ficar frisando o que é delas e o que não. Tem gente que cresce e começa de novo com isso, mas especialmente nos relacionamentos.

Não, querida. Ele não é seu. Continue pensando assim para ver a injustiça que sentirá quando ele for embora de suas mãos. Injustiça igual quando tiraram seu brinquedo preferido na infância porque você não merecia.

Desabafo I

Ok. Desabafo por causa do que acabei de ver. Casal que se conhece a 3 meses e ele deixa pra ela 'amor da minha vida'.
Ok, sendo o menos chata possível isso até que pode SER verdade, mas não custa esperar um pouco mais pra ter certeza antes de sair falando isso a torto e a direita né? *Sendo chata também porque eu sei que ele disse a mesma coisa para a namorada anterior*
Depois de uns 4 meses o encantamento passa, e daí ele vai pensar 'óh, será que eu gosto mesmo dela?', vai dar um tempo e começa o ciclo.
Mas enquanto isso, as pessoas adoram usar o 'eu te amo', 'você é minha alma gemea", "você é o amor da minha vida" em todos os lugares possíveis...
Alguns podem achar que é dor de mal-amada, mas penso isso desde sempre, nas épocas felizes e nas tristes.
Céus, como essa hipocrisia me irrita.